quinta-feira, 16 de maio de 2013

Gestos tão pequenos, coisas fáceis!

É tempo de festejar, de se alegrar! Uma ligação - que podia me trazer uma notícia qualquer, como tantas que recebo durante o dia todo - me deu a notícia direto de São Paulo que o meu amigo Xyko Oliveira recebeu alta e foi pra casa, esbanjando energia. Como um valente volta de uma guerra, ou um atleta volta vencedor.

Hoje, como num lampejo de uma descoberta, me dei conta que tenho saúde, oportunidades e sonhos, e que de poucas coisas a vida me privou. Isso pode soar poético, mas quero que seja o mais real possível. Deus não é apenas bom, porque se só o fosse eu teria apenas o suficiente. Mas é além disso, tenho o que preciso e mais, mais até do que mereço. A paz vem, acalma e não se sabe o motivo. A vida tem dessas coisas, e já experimentei de muita coisa assim, mas tenho apenas dez insuficientes dedos nas mãos pra conta-las todas. Um rim pode ser útil, mas não imprescindível como o coração, por exemplo. Tenho amigos que não são rins, mas corações. Alguns até já perdi, e a vida parou até de bater um pouco, mas - como tinha que ser - segue seu rumo. O corpo acaba experimentando sensações e você sente que aqueles 'corações' que se foram, na verdade continuam a bater, e a bater forte. Só mudaram de lugar, estão agora no meu.

O Xyko mesmo com pouco tempo (e sem saber!) me ensinou com sua vida, e tenho um carinho especial por quem me ensina alguma coisa. E melhores são as coisas simples, vindas dos gestos simples. Quantas pessoas se privam de fazer o bem com uma palavra doce, um gesto de afeto, tantas maneiras afáveis existem! Mas não se espera isso de todos, é preciso ter pra dar. Não se tira de um poço a água que ele não tem. A dureza no coração só faz privar de coisas boas quem a tem. É um bumerangue às avessas.

Mas ele fritou um peixe pra mim, numa fria noite em Curitiba e ali me mostrou as mãos, nuas de esconderijos. Como num verso de Leminski. Como num gesto sem segredos.

"ler se lê nos dedos
não nos olhos
que olhos são mais dados
a segredos"
(Paulo Leminski, "Toda Poesia", Cia. das Letras)

O Xyko é gente rara, e por muito tempo ainda o será.

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