sexta-feira, 12 de agosto de 2011

onovojeito

E quando o coração já não espera ser mais sacudido por alguma coisa, aparece onovojeito "e me fala de coisas bonitas que eu acredito que não deixarão de existir: amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor..." Bacana isso né?! Sem nenhum interesse político, institucional e nem tampouco governamental, gente jovem reunida pro bem e fazendo o bem a quem a vida privou sonhos tão simples. É um tapa nessa geração tomada por este século, envolta à tantas migalhas fúteis diante do que realmente importa. Somos capazes de gastar alguns mil reais em viagens, outros tantos cem reais numa noite qualquer e isso não parece custoso, ao mesmo tempo que achamos tão caro doar uma cadeira de rodas de R$ 175,00, trazendo um novo fôlego de vida pra alguém.

Coisas tão simples, e tão difíceis de esquecer! Obrigado, pai. Hoje vejo que sua gravata significa muito! Tento, com tudo que esses valores me fizeram conquistar, retribuir aos outros a felicidade que em tantos dias você foi com ela buscar, e sempre trouxe. Valeu.

Não deixe de visitar e conhecer: http://www.novojeito.com/

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Bate na porta, avisa a vizinha!


"Quando nada mais parece ajudar, eu vou e olho o cortador de pedras martelando sua rocha, talvez cem vezes, sem que uma só rachadura apareça.
No entanto, na centésima primeira martelada, a pedra se abre em duas, e eu sei que não foi aquela a que conseguiu, mas todas as que vieram antes."
(Jacob Ritss)

Esse é o primeiro DVD da Gafieira Soul. Sei que essa está longe de ser a "centésima primeira", mas é uma martelada dada com força, com muita força.

Foi bacana caminhar até aqui, fiquei feliz pra caramba - como há muito não ficara - ao ver tudo pronto e exatamente como imaginei desde o início. Vocês não imaginam o carnaval que tá dentro de mim diante desse encarte e dessa bolacha!

Não é fácil fazer música boa, ao lado de um time de primeira linha, ter comprometimento com o público e respeito aos contratantes e fãs que acompanham o trabalho. De igual modo, não é simples ter a iniciativa de pensar passo-a-passo tudo isso, colocar e depois  tirar do papel, sair pra rua com um release debaixo do braço e os planos fervilhando na cabeça. Receber vários "não's" que ficam diminutos com alguns "sim's" que, acompanhados de um sorriso amigo, foram e são combustíveis para a caravana não parar.

Faço minhas as palavras de um grande artista pernambucano, chamado Tibério Azul, que vem criando e aparecendo para o Brasil como uma grata surpresa, dando voz à banda Seu Chico, pensando com o mesmo sentimento que vos escrevo:
"Mas cansa? Cansa. E é difícil? É difícil. Tem problema? Tem muitos. Tem brigas? Vixe, tem sim.
(...)
Dizer que nascemos para isso não significa que sejamos bons ou talentosos ou que seremos famosos ou o que quer que seja - porque essa é uma decisão externa. Isso significa que nascemos para isso e que para nós isso é natural. E tudo o que é natural possui uma largo sorriso quer seja entre fogos de alegria ou lágrimas de lamento." (Em: http://tiberioazul.blogspot.com/2011/06/entre-amigos.html) 

Existem alguns créditos que merecem, e precisam ser dados. À Riva Le Boss, Israel Silva e Lara Klaus, pelo talento, amizade e raro brilho. À Rivando Campina, pelo impulso e crença. À Ricardo Filho e Rafa Mattos, por misturarem profissionalismo e amor ao que fazem.

Enfim, não tenho argumentos para convencê-lo que a banda é boa, que "toca dobrado", que pulsa e enche o salão de energia positiva, fazendo as pessoas esquecerem da semana que passou e levarem pra casa a alegria necessária para duelarem com a semana que virá.


E só tem um jeito de experimentar isso. Você não vai querer chegar no final, vai?!

Lançamento do DVD "Luau da Gafieira Soul", dia 26/06, às 22h, no UK Pub.
Part. especiais: Edilza Aires e Chuchu.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Matizes

Hoje conheci uma linda menininha e a perguntei quantos anos tinha e, como todas fazem, me mostrou 4 pequeninos e magros dedos de uma só mão. Achei, como nunca achara, aquele gesto lindo de se ver. É preciso saber contar os nossos dias, isso inclusive é bíblico e é dessa forma que se alcança um coração sábio.
Volto ao megafone do RafaDeSapatoNovo com várias confusões e uma única certeza: é preciso, mais do que nunca, saber o momento de dizer as palavras certas. Palavas amenas, que gerem descanso e não mais guerras. Palavras de conforto, de elogio, de delicadeza. Sutil e despretensiosamente todas as coisas nobres da vida passam pela delicadeza. Passam e a levam junto. A mãe que gera uma vida, o gesto que dá a vez na fila, o piscar do olho seguido do sorriso que confirma uma gentileza, o amar ao outro como a si mesmo, o pai que perde do filho dando-lhe o sabor da vitória impossível no acaso.

De férias de tudo, parei hoje em meio a tudo que acontece em São Paulo, onde estou desde ontem, para escrever isso, pois não conseguiria passar em branco diante de tantas cores e de tantas matizes. Mais do que nunca, viajar é preciso. E, sendo bem preciso, me fez muito bem.

Pessoas novas, lugares novos (apesar das mesmas cidades), ideias novas, amigos novos. Pernas pro ar e pés no chão. Paradoxal e figurado, mas real.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Não, não sou!

"Se eu não olhasse para Ezequiel, é provável que não estivesse aqui escrevendo este livro, porque o meu primeiro ímpeto foi correr ao café e bebê-lo. Cheguei a pegar na xícara, mas o pequeno beijava-me a mão, como de costume, e a vista dele, como o gesto, deu-me outro impulso que me custa dizer aqui;- mas vá lá, diga-se tudo. Chamem me embora assassino;
não serei eu que os desdiga ou contradiga; o meu segundo impulso foi criminoso. Inclinei-me e perguntei a Ezequiel se já tomara café.

- Já, papai; vou à missa com mamãe.

- Toma outra xícara, meia xícara só.

- E papai?

- Eu mando vir mais; anda, bebe!

Ezequiel abriu a boca. Cheguei-lhe a xícara, tão trêmulo que quase a entornei, mas disposto a fazê-la cair pela goela abaixo, caso o sabor lhe repugnasse, ou a temperatura, porque o café estava frio... Mas não sei que senti que me fez recuar. Pus a xícara em cima da mesa, e dei por
mim a beijar doudamente a cabeça do menino.

- Papai! papai! exclamava Ezequiel.

- Não, não, eu não sou teu pai!

("Segundo Impulso", Capítulo 137, Dom Casmurro)
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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Frio e calor

Esse é o primeiro post do ano e, como não poderia ser diferente, venho escrever sobre o que vejo nas ruas, às vezes jogado pelas calçadas, às vezes no pensar vago e descompassado do dia a dia. Ter várias facetas e contato com muitas pessoas é bom, porque me faz ver o ser humano sob vários prismas e em vários momentos - coisa que me incita a pensar se fosse eu e me desafia a provocá-lo, como se fosse você.

Ouço as respostas efêmeras às coisas do mundo e me surpreendo em vários sentidos, como já falei. Com os clientes criminosos, algumas vezes tão quanto vítimas de tantas coisas e com o sistema impregnado de corrupção. Me estarreço com a futilidade da noite, sempre que vou tocar em casas noturnas com a entrada disputada centímetro a centímetro nas filas, numa entrega desmedida a não-sei-o-quê. E com o vazio que vejo em cada rosto que se entrega a uma pessoa diferente a cada cantar do galo, intuitivamente querendo mostrar aos que nada são, o que também não se é.

E como, sabiamente, diz a Bíblia em Mateus 24:12, "(...)  por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará". E esfria mesmo. Murcha, seca. Como a volatilidade de um encanto fugaz, quando se viu... puf! Acabou. Não se tira de um poço mais água do que ele tem e depois nem adianta dizer que não sabia.
É que esse amor que se esfria acaba sofrendo com o gelo da iniquidade, multiplicada pelas mentiras.

E há tantas coisas pra se esquentar o amor! Tem um bom cobertor que é a cumplicidade. Não se iluda, tudo o que não é dito pode ser imaginado, e imaginar é um direito também! E pode dar frio, aliás quase sempre dá. Dá medo, que acaba sendo uma hipotermia danada.
Há um agasalho também que é a verdade. Como esquenta ouvir o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama, né?! Bom pensar nisso, pois nisso há virtude e louvor.
Posso até falar de outras mantas e edredons, como a confiança, compreensão, dedicação, entrega. Mas uso esse espaço - eu sempre repito isso - como a janela lateral do meu quarto de dormir, onde vejo as coisas que lá foram passam e que refletem aqui dentro. E, sinceramente, não dá pra ver tanta coisa de uma só vez, pelo menos por ela.

E então, quando porém vier o que é perfeito, o que é em parte será aniquilado. E congela pra nunca mais derreter, como grandes geleiras cansadas de esperar pelo sol, que nunca veio. E nem nunca virá.