sexta-feira, 23 de abril de 2010

"Na minha aldeia tudo era verdade, menos a mentira"

Li hoje daqui de Curitiba que o caso das jovens Tarsila Gusmão e Maria Eduarda Dourado irá a julgamento pelo Tribunal do Júri no dia 18 de maio próximo. Procurado por alguns, considerando que esses homicídios repercutiram nacionalmente, precisei esclarecer algumas coisas. Inspirado pela frase de um escritor português chamado Eduardo Simões que dá título a esse post, acordei coinscidentemente com a ligação de um jornalista que vem fazendo um belo trabalho sobre crimes que atentam contra a vida. Sabedor da minha naturalidade e das defesas nos Tribunais do Júri aqui do Sul, foi responsável por antecipar a minha alvorada.
Em primeiro lugar, fatos como esse ficam sempre muito perto de acontecer. Por alguns motivos óbvios a morte dessas duas aconteceu. Foram passar um final de semana na casa de praia de amigos, desapareceram após um passeio de lancha e no dia anterior que foram vistas pela última vez participaram de uma festa. Um enredo comum, próprio da idade, não fossem os personagens - vítimas e aqueles que enganosamente estão sendo acusados - e seus péssimos antecedentes.
Tive acesso ao inquérito policial há tempos atrás (o crime aconteceu em 2003 e, em grande parte do decorrer da investigação, ainda morava em Recife), e muita coisa chama a atenção. Pelos erros e equívocos propositais, claro. Inicialmente os kombeiros Marcelo Lira da Silva e Walfrido José de Lira foram assistidos por Defensores Públicos, considerando o baixo poder aquisitivo e a impossibilidade de constituir advogados particulares. Meus amigos José Francisco Nunes e José Antônio Fonseca de Mello se encarregaram da defesa até as alegações finais, antes dos mesmos terem sido pronunciados (decisão que os submeteu ao julgamento dos acusados pelo Júri Popular). Pois bem. Sem qualquer explicação, assume o caso Bóris Trindade, um advogado de história e reputação incontestes em Recife. Sei que defendia presos políticos na época do golpe de 1964, tamanha sua paixão pela esquerda. Tá. Não julgo a capacidade de ninguém pagar ou receber por qualquer serviço profissional, mas até onde eu sei os kombeiros não foram contemplados pela megasena e acho difícil que, por liberalidade e generosidade, o escritório tenha entrado nessa. Mas também não cabe a mim procurar saber quem pagou. Só é estranho.
E se eles forem absolvidos, como devem ser, não deixará de haver impunidade. Afinal, os autores do crime continuam em liberdade - a mesma liberdade que as vítimas foram criadas, saindo para festas, viajando e passando dias longe de casa, entregues à própria sorte - ou, nesse caso, ao azar. Isso fatalmente acontece com quem toma a vida num gole só.
O que não passa despercebido é que outros interesses movem e influenciam a condenação desses infortunados, que entraram como a bucha de canhão utilizada para limpar os canhões na 2ª grande guerra mundial. Acho que os corpos, também por questões óbvias, não poderiam ser achados logo após o que aconteceu na festa, deveriam ter mais sêmen do que células. Também não me perguntem de quem, não sou leviano, nem perito do IML e nem estive naquela casa na noite de 02 de maio de 2003.
O passado dessas 'pobres adolescentes que foram cruelmente assassinadas' já as condenava antes de qualquer um que venha a cumprir pena pela acusação de terem tirado suas vidas. Em depoimento à polícia, a mãe da Tarsila disse que a filha costumava viajar e passar até 10 dias sem dar notícia. O que me intrigou, à época, foi a portaria do delegado de Ipojuca (município onde ocorrerram os fatos) ser baixada apenas 1 dia após o desaparecimento das "moças", instaurando e iniciando o inquérito para apurar as mortes. Estranho não?! Segundo a mãe ele chegava a passar 10 dias sem dar notícias...
Já se sabia das mortes na manhã seguinte da festa.
Trocaram o piso da casa, mudaram a grama do jardim. Comportamento típico de quem quer assassinar as provas materiais, apagar os indícios e dificultar o trabalho da perícia técnica e, assim, tentar deixar a elucidação dos fatos para os depoimentos das testemunhas - a prostituta das provas, facilmente corruptível.
É sempre assim. Foi assim com o casal Nardoni, que limpou a casa, imaginando que lavar com água e sabão resolveria. Em lugares que a polícia investigativa é séria isso acaba se tornando uma grande piada e álibi frágil. A delegada achou estranho e, em tempo, isolou o local. Claro, prova se colhe ontem, aprendi isso no crime. Amanhã ela pode inexistir, ou ser facilmente adulterada por alguns pedreiros e outros jardineiros.
Já dizia Millôr Fernandes, que 'a polícia só sabe que Caim matou Abel por causa do samba popular e não porque tenha lido a Bíblia.'
Faço do Júri a minha vida, todos que me conhecem sabem disso. E sabem também que nem sempre (ou quase nunca) o jurado é convencido pela verdade. Aliás, lá tudo é verdade, inclusive a mentira. A culpa não é do Judiciário. Nesse caso, não. Aliás, culpado aqui é o que não falta.
Não adianta o pai vir chorar depois do sangue derramado. Não venha o delegado querer investigar depois dos corpos em putrefação (ou depois de ter recebido o que negociou). Da mesma forma não adianta as garotas se arrependerem da vida que levavam, pois perderam-na.
As aparências enganam a quem quer ser enganado. Ou se enganar.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Me espera no portão, pra você ver

agora é pra valer!

Pode ir armando o coreto,
e preparando aquele feijão preto
Eu tô voltando...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Se souber confiar no seu critério, nada a temer...

Ah, segurei o meu pranto para transformar em canto
E para meu espanto minha voz desfez os nós, que me apertavam tanto
E já sem a corda no pescoço, sem as grades na janela
E sem o peso das algemas na mão
Eu encontrei a chave dessa cela
Devorei o meu problema e engoli a solução
Ah, se todo o mundo pudesse saber como é fácil viver fora dessa prisão
E descobrisse que a tristeza tem fim
E a felicidade pode ser simples como um aperto de mão...
Entendeu?