sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Uma garrafa jogada ao mar

Tenho experimentado coisas impressionantes na vida e da vida. Nessas quase três décadas provei do mel e do fel daqui. Hoje, mais do que nunca, sei que a direção é mais importante que a velocidade. Essa é minha religião, sou adepto de tudo que me provoca questionamentos, aprendo mais com as perguntas do que propriamente com as respostas que me dão e - principalmente - que me dou.

Conheci alguém especial, capaz de aumentar o meu fôlego (e tira-lo também!), de me fazer bobo no melhor sentido que ser bobo pode assumir. Queria diante disso desacelerar a vida, diminuir a velocidade para aumentar a intensidade, para assim degustar disso em boas e pequenas doses homeopáticas. Eternizei em uma semana aquilo que eu quero que seja alimento por muito tempo e espero lembrar de coisas que me tragam esperança. Bacana isso não?! Veja que não há pecado em querer eternizar essas coisas! Se, por si só, elas forem para sempre, é como ter lembranças do que se vive a todo instante. Que briga boa contra o tempo! O que é a esperança, senão aquela lembrança de que tudo dará certo?

Já ouvi pessoas mais velhas dizerem que antigamente se vivia mais intensamente, justamente porque se vivia um dia de cada vez, uma coisa de cada vez. Acho que esse é o mal que fazemos a nós mesmos: querer viver tudo de uma só vez, como a sede que devora um copo cheio d'água em um gole só. Perde-se o vagar descompassado, o olhar profundo e hermético, perde-se o afeto, o carinho, a família, a benção, painho, a benção, mainha. Perde-se o respeito aos mais velhos, perde-se oração, novos inícios, novas e boas experiências. Como tão boas experiências desperdiçamos! Quantos amigos deixamos de fazer por falta de gentileza, e quanto bem deixamos de fazer a nós mesmos quando estamos constantemente insaciáveis. Outro dia deixei uma pessoa passar à frente numa fila e ganhei um sorriso. Quer recompensa melhor?! Dei uma coisa tão irrisória e recebi em troca umas das melhores coisas que alguém pode dar a outra pessoa!

Sei que despedidas não combinam com a esperança e a certeza que se inicia. É como dar adeus ao sol da primeira alvorada, isso não irá conter a sua fúria de nascer, ele vem e cresce e ganha força, tão quanto natural é o amor. E se o amor não estiver na pureza e na grandeza das coisas simples, não estará em lugar mais algum. Ele vem quando menos se espera e pega você desprevinido. Vem pelos cantos, sem carro do ano, sem anel dourado, cheio de mistérios. Com uma rosa na mão, a crescer o quanto tiver! Vai, voa porque tem que voar, tomar os ares! Deixa um gosto doce, recordações amáveis, surpresas no caminho.

E, se perguntam pelo futuro, respondo da mesma forma. O amor é um gigante adormecido, que só é acordado aos poucos, lentamente e se ergue calma e serenamente. Não queira gritar para acorda-lo, não adianta. Dê mais de si e requeira menos dos outros e, quando menos se espera, o gigante está de pé, firme, forte, grande, imponente. Atravessa o Atlântico e de lá acena. Ele vai, e essa história desafia qualquer lógica. E a distância desafia o amor, e eu desafio a distância. Não conheço nada capaz de deter a força desse gigante.

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