segunda-feira, 27 de abril de 2009

Alguns procuram sonhos pra poder viver. Ele fez o contrário.

Exemplos de gente procurando salvação pra vida me enchem os olhos. Quanta gente esperando por um transplante! Em São Paulo, outro dia, um garoto deixou o lar e sua família com o sonho de receber um novo coração e, assim, um novo fôlego pra sua tão pouca e sofrida vida. Felipe saiu de Pindamonhagaba para a capital quando descobriu que tinha um coração doente. Deixou a casa, a mãe, o irmão, os amigos, a escola e veio com a avó morar numa casa de apoio perto do hospital. Dizia querer viver e pra isso fazia tudo.

Forte né?!
Enquanto tanta gente procura a morte através das drogas, do álcool, e vivem a matar os outros e a si mesmo quando plantam sementes com a inveja, a luxúria sempre tão fútil e a impura lascívia, aquele pequeno procura a vida a todo custo, através dos sonhos, e planta no terreno da esperança, sementes de fé, alegria e caráter. Muito aprendi com você garoto! E lembrei na hora:


"Sendo, então, os fins aquilo que desejamos, e os meios aquilo sobre o que deliberamos e que escolhemos, as ações relativas aos meios devem concordar com a escolha e ser voluntárias. Ora, o exercício da virtude relaciona-se com os meios; portanto, a virtude está em nosso alcance, da mesma forma que o vício. Com efeito, quando depende de nós o agir, igualmente depende o não agir e vice versa, ou seja, assim como está em nossas mãos agir quando isso é nobre, do mesmo modo que temos o poder de não agir quando isso é vil; e temos o poder de não agir quando isso é nobre, do mesmo modo que temos o poder de agir quando isso é vil. Por conseguinte, depende de nós praticar atos nobres ou vis, e se é isso que significa ser bom ou mau, então depende de nós sermos virtuosos ou viciosos."

(Aristóteles, "Ética a Nicômaco", há um tempão atrás)

O que você acha que enxergam em você? E a quem realmente importa achar, o que Ele acha?
I Samuel
16.7

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Eu pedi sustenido e ela riu bemol!


Outro dia, relendo um e-mail que recebi há muito tempo da Leila Pinheiro, vi o quanto a arte não tem época e não sai da moda. É tão sutil quanto inusitada, e nasce como brotam aqueles deserdados à margem das rodovias, e tudo muda quando eles saem para ver a rua numa noite de lua. Ela me disse assim:

'Rafa,o poema que falei pra vc, é, na verdade um trecho em prosa de Adélia Prado. Está no livro dela chamado FILANDRAS. Se você não conhece a obra dela, não deixe de procurar. É um assombro! Uma maravilha!
Obrigada pelas palavras, não esqueci, e pelo show de Recife.
Apareça sempre!
Leila'

Resolvi reler aquele capítulo e hoje ele me pareceu diferente. Como eu me pareço diferente a cada dia. Quando a conheci, trocamos uma dúzia de palavras. A Roberta, uma amiga em comum, nos apresentou. Conversando, elogiei o show, ela agradeceu e me olhou muito, como se tivesse muito a dizer ainda. Veio dizer e eu só vim entender depois, como muitas coisas que eu só entendo hoje. Falei da singularidade daquele verso e da interpretação dela. Parecia uma música, mas não era! Foi um lampejo, e pra mim valeu a noite dizer aquilo pra ela. Por entender, ela me respondeu, e aquele foi o primeiro de muitos e-mails até revê-la. Quem diria!
Coisas guardadas pelo destino, numa caixa sem laço nem fitas. Mas com a melhor das surpresas, como os melhores e inesquecíveis presentes.
Indico e, como a Leila Pinheiro, 'é um assombro, uma maravilha!'

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Equilíbrio

Hoje ouvi uma frase que me chamou atenção. Foi na Especialização, dita de uma forma tão despretensiosa quanto precisa. Na verdade, vi traduzido em poucas palavras o que tinha levado tempo conjecturando, buscando adjetivos, figurações, alegorias.
"Juízos de valor equilibrados: sem excesso de rigor, sem excesso de tolerância."
Simples né?!
Não exija muito da vida. Nem tampouco deixe ela lhe cobrar. E sem excessos, todavia.